terça-feira, 24 de agosto de 2010

NUDEZ MATINAL


Mui’sensual, ao sublime, igual,
é o despir do véu que hoje cobre
sua louca e linda nudez matinal –
quero-a em mim, nueza imoral,
neste amor que já não tem mais fim.

Sou enfim em seu querer se dar,
há você para meu viver, amar,
lembrar
de quando primeiro beijo se deu
feliz porque se quis, estar.

Carne e espírito se unem agora
nesta manhã de luz, que o dia abre...
e deita-se sobre as flores do campo,
das quais flui o néctar
na explosão do desejo,

quando o prazer revigora o sonho,
onde vejo-me solto
e puro neste ensejo
de amor, que ora vejo...
e festejo...
em mim...
em você...
com você...


Nota do autor.
“A sublime beleza de’um fazer amor ao amanhecer.”


Roberto Armorizzi

SUBLIMES MOMENTOS



São estas pessoas,
tão belas pessoas,
que cantam, que dançam,
declamam,
e’em seu longo’espetáculo,
com muito carinho,
a vida, ensaiam;

são tantas pessoas,
que vêm e se juntam,
tão ricas de alma,
sorrindo com calma,
e’em seus grandes mundos,
se fazem caminhos,
para que deles não saiam;

pessoas queridas,
que amam a vida,
que fazem amigos,
do amor, são abrigos,
que pedem passagem
e criam momentos
de sonhos em flor;

felizes pessoas,
tão fortes e boas,
qu’em nós se expressam,
não param, se apressam,
e sem distinção,
e pura emoção,
ofertam amor.



Ah, é tão lindo este momento,
não dá para esquecer, não dá,
gestos que nos trazem vida,
atos que nos dão coragem,
tempo que nos quer seguir,
mas, enfim, nos faz sorrir.

Ah, momento, belo momento,
de afetos que fazem risos,
de cores em tons precisos,
de vontade de amar a vida,
sentir, calar, olhar, falar
do momento que nos traz aqui!



Olha, amor,
dê mais um sorriso,
outro e mais outro,
sempre, sempre mais,
olha, o mundo sorri sem pensar,
e canta pela voz dos pássaros,
e dorme para “nos sonhar”,
e corre ao passar dos rios,
sem chorar...

Olha, amor,
Abra logo este sorriso,
outro e mais outro,
sempre, sempre mais e mais,
olha, belo instante de ternura,
que se forma e não dura,
num instante vai passar,
vão ficar só os momentos,
com o tempo de amar!



Para todos vocês, um beijo,
um beijo no coração -
eu queria dizer que beijo
pode ser sonho, mera’ilusão,
mas, podem crer, este beijo,
é momento, sim, mas de amor,
o amor do amor,
em sincera demonstração.

Para quem está aqui, um beijo,
um beijo para ficar -
agora,
eu queria afirmar qu’este beijo,
não é sonho ou mera’ilusão,
não,
o beijo que’aqui se dá
é mais que amor do amor,
é amor confraternização!



Momentos são mesmo assim,
vêm e vão ao passar das brisas,
mas ficam marcados, sim,
em lembranças ativas,
que formam um todo
de raro esplendor.

Momentos são sempre assim,
vêm e vão com’o cair das folhas,
mas ficam voltados, enfim,
para outras escolhas,
de’um novo mundo,
a pedir mais amor.


Nota do autor.
“Poemas denotando apenas momentos.”


Roberto Armorizzi

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

TRISTEZA DE PORTA

A mais esquecida é a porta,

já não é assim com a janela,

pois esta, a paisagem reporta,

e a outra, “se passa por ela”!


Nota do autor.

‘Pela porta, apenas passamos. Na janela, paramos para observar a paisagem do lado de fora. Há também a questão da porta “querer se passar” por janela, denotando falta de autenticidade. Percebe-se tais facetas graças ao duplo sentido demonstrado pela expressão “se passa por ela”.’


Roberto Armorizzi

TERAPIA DO GIBI

Quanto gibi eu já li,
quanto gibi eu pedia,
quanto gibi eu já vi,
quanto gibi eu queria.

Eu sonho ao ler gibi,
eu troco gibi e exponho,
gibi, eu nunca esqueci,
gibi não é enfadonho.

É muito bom ter gibi,
gibi faz bem par’a vista,
gibi, eu nunca vendi,
não dou gibi, não insista.

Só quero saber de gibi,
somente gibi me’interessa,
eu, lendo gibi, não sofri,
pois só o gibi desestressa.

Nota do autor.
“Ler gibi, um hábito desde a infância.”

Roberto Armorizzi

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

ENTRE O ERRO E O ACERTO

Que triste destino

de um ser perdido,

sofrido, exaurido,

por não saber errar;



tão só, pequenino,

de queixo caído

e coração partido,

por não querer chorar;



gentil, tão fino,

por dentro, ferido,

do caminho, banido,

sem poder voltar;



que’incrível destino,

volto a lamentar,

faço tudo sem zelo

para, com erro, festejar;



mas, enfim,

ai de mim,

é mesmo assim,

não consigo, é o fim,

do acerto, escapar!



Nota do autor:

“Erro e acerto, qual dos dois tem conserto?”

 
Roberto Armorizzi

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

TRÊS EM UM

Comentar sobre ti?

nem quero lembrar,

no muito, posso pensar,

mas falar, nem pensar...





Eu não sou esquizofrênico,

nem mero “esquizofrenista”,

ah, sim...eu sou “acadêmico”

da “boa” esquizofrenia...





Verdade, eu sou poeta,

se todos me veem assim,

é outra, porém, minha meta,

“mesmice bela” não é para mim...



No mais, queiram ler nas aspas e reticências, se acharem viável.



Nota do autor:

‘Apenas um questionamento: “o discurso está nas entrelinhas?” ‘


‘Observação final: “este texto é mais para ser lido do que para ser declamado ou dito.” ‘



Roberto Armorizzi

ILUSÕES DE VISÕES NA ORLA




Não deixe a água rolar,

corre, corre para o mar!

Os períodos acabam,

a ponto de se inventar momentos,

tão sedentos



de fazer voltar a vida

num instante,

na sensação errante

de se estar pendurado

num pedaço de barbante.



Um dia tudo isso se espraia

num fluxo de água e areia,

na beira da praia;

essa meiga e bela visão rara,

queremos que jamais se esvaia.



Nota do autor:

"Lugar sem sombra porque a luz é maior."
 
Roberto Armorizzi

SER ABISSAL

Beleza indômita no fundo do ser,

mascara ilusões que não ousa dizer,

só pede, na paz, para enfim se evadir,

e’em fluxos de manchas, na tela, existir.



Beleza sofrida, recôndita está,

tão bela’é ferida mais funda que há,

emerge do sonho e lança-se ao céu,

e cai sobre o pano, pintando esse véu.



O quadro recebe tal força de amor,

a tinta se espalha com arte e frescor,

mas quando percebe que o mundo se esvai,

retorna ao abismo, ess’alma que cai.



Nota do autor:

“Um ser que emerge do fundo de si mesmo, deixa sua marca de beleza na obra de arte e depois mergulha de volta ao seu abismo de origem.”


Roberto Armorizzi