domingo, 4 de dezembro de 2011

COMO É BOM SER DUENDE




Meu peito ascende,
nada aqui me prende,
que bom ser duende!

Nota do autor.
“Detalhe do diário de um elemental.”

MUITO ALÉM



Há uma eternidade,
parado, aqui estou,
esperando que passes ...

Mas teu passar, que não vem,
causa-me impasses,
pois penso que volves,
mas volta, não tem,

e fico assim, na verdade,
parado no tempo,
olhando ninguém,
dizendo a mim mesmo:
- meu amor, vem!

Mas qual o quê ...

Eu sei que agora,
estás, do aqui, muito além.


Nota do autor.
“Mas um dia tudo voltará a ser como antes.”

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

MUITO TEMPO


No dia-a-dia,
há muito tempo, não via,
cadeira vazia.

CHUVA FINA NÃO-BOA

 
Ai, que triste chuva fina,
sem o vento que a vida, empina,
vem dos frios ares do sul,
ao sudeste de nossa esquina,
cai, em vão, de’um céu não-azul,
em quem se vai,
assim tão menina.

Ai, chuva fina. É garoa,
que descansa no ar, bem à-toa,
como véu de gotículas, que voa
na manhã que seria verão.
Que chuva fina não-boa,
celebriza o frio a São Paulo,
e tira o sol da Gamboa.

Nota do autor.
“Um dia, nos reencontraremos, meu doce Anjo Lilás.”

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

CONTEMPÓLIS


Numa feliz cidade,
há felicidade?
Cidade é verdade?
Até pode ser ...
Mas só 
para quem tem velocidade.

Nota do autor.
“A pressa da modernidade.”

CARTAGINESA?


Ficou só em si,
vid’agostiniana,
só, Melânia.

Nota do autor.
“Alguém conheceu tal alma?”

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

NATAL E ANO NOVO



 Disse, feliz, o velhinho:
- Um novo Natal já chegou,
achei, outra vez, o caminho,
o meu mundo recomeçou.

Fala, o adulto, sorrindo:
- Que amor – novo mundo já vem;
o chão continua florindo,
plantemos nos campos do bem.

Todos se confraternizam,
doando os carinhos seus;
Natal e Ano Bom se eternizam,
selando a obra de Deus.

Virá sempre nova esperança,
Natal e Ano Novo: é o amor;
futuro vem feito criança,
na paz do Menino-Senhor.

Roberto Armorizzi

UPA, CAVALINHO !


Eu vou amansar
meu cavalo tão bravinho,
e poder passear.

Nota do autor.
“Cavalo bom é cavalo manso.”

Roberto Armorizzi

domingo, 28 de agosto de 2011

EU AMO MEU CAVALO


Hoje eu monto em meu cavalo,
e compartilho com ele, minha força,
mas ele é mais forte que eu,
eu sei, é claro.

Eu o estou montando, então,
eu sou mais inteligente do que meu animal,
portanto, comer grama com ele,
eu não vou.

Nota do autor.
"Meu querido cavalo."

RECINTO

Dói-me tanto ... sinto
a dor que não passou,
prende-me agora, o recinto
que antes me libertou.

Faço com meu passo, a senda,
o amor que não te dou,
ó pena que não escreve ... nem desvenda,
é assim, pois triste estou.

Um rio que sonha,
sem mar, transbordou,
enchente medonha,
amor terminou ...

PECADOS CAPITAIS

Nem menos, nem mais,
sete são os pecados capitais.

Aquele que não se regula,
vê-se vencer pela gula;

quem vive com muita dureza,
logo sucumbe à avareza;

alguém que o luxo enseja,
provoca no outro a inveja;

se o mundo cultiva a mentira,
tão-logo aparece a ira;

quem, a vontade, exacerba,
é certo cair na soberba;

para não ficar na penúria,
não vá se envolver na luxúria;

tão triste é ver a preguiça,
vencendo a alma noviça.

São sete pecados reais,
a comprometer a lisura,
pois causam delírios tais,
que podem levar a loucura !
 
Nota do autor.
“Pecados sempre renovados, apesar de deveras censurados.”

sábado, 20 de agosto de 2011

LINDO SER !


Ela chegou vestida de negro,
esbanjando “charme”.
O negro de seus olhos
causou-me grande alarme.

Mas trouxe um claro ser,
de luz e bem querer,
olhos amigos, lindos de viver ...

Sorriso conciliador,
amigo de um grande amor.

Nota do autor.
“Entidade conciliadora.”

domingo, 7 de agosto de 2011

CUSPIR


Oi! Quem quer cuspir?
Pode ser, mas olhe bem,
se cuspe já tem!

Nota do autor.
“Hoje, nada é intacto.”


terça-feira, 26 de julho de 2011

CAPINZAIS – PEDREGAIS


Capins crescem no pé
das pedras que não caem mais.

Pedreira,
onde granitos foram quebrados
em mil “porretais”.

Sim, os capins crescem
como um gracejo de vida !

Carros passam pela frente e por trás,
olhando hoje a paz sem vida que invade os capinzais,
e embalam fúrias de solo rachado e perdido,
dos sombrios pedregais.

Nota do autor.
“Nas pedreiras abandonadas, as pedras se confundem com os capinzais.”
                                    

domingo, 17 de julho de 2011

ROSTOS E RESTOS DE ROSTOS


De manhã,
ao despertar,
como sempre, posso ver,
rostos, rostos e mais rostos,
sem cessar.

Preciso dormir,
quando a noite chegar,
para não sentir,
para não olhar,
rostos em cada lugar.

Mas, mesmo assim, a me fitar,
surgem restos de rostos,
vazios rostos, em meu sonhar.

Penso que não há nada tão fascinante, sedutor, embriagador do que o rosto humano com suas, podemos dizer, infinitesimais expressões e, consequentemente, impressões deixadas. Vale a pena sempre observá-lo, independentemente de sentimentos que dele possam advir.  

Roberto Armorizzi

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O SER-EM-SI


Será que serei?
Será que seremos, sei,
serei’o que são?

Nota do autor.
“Só serei quando ser, for.”
                                      

REPRISE


Gárgula, fascinante crápula
no auge de sua dor estética,
vive trepado no templo,
sem que o céu o veja
mirando o mundo de então,
com olhar de crise.

O diabólico ser,
o que poderia querer,
ao escalar parede
de sublime monumento,
debulhando-se em prantos,
ao deixar escorrer as águas
nas calhas de seus desencantos?
Mostrar finos seus grosseiros mantos?
Mera reprise,
gárgula a fazer de seu mundo, release.

Roberto Armorizzi

segunda-feira, 13 de junho de 2011

VAGA MARÉ


Mar,
sob o grato céu
visível, crível e sem par;

mar,
linha  ondeva , que busca
a forma de um mundo,
em seu amplo findar;

oceano,
vasto e úmido espaço,
que pensa, pelo mundo, avançar;

mar, maríssimo amor
de luz, de céu, ... de mar.

Nota do autor.
"É este o mar que sempre espero."
i

quarta-feira, 8 de junho de 2011

DO OURO AO ALGODÃO

Por que é difícil
suspender pedacinhos
de algodão,
quando seu peso
encontra, no amor,
ostentação?

Por que é tão fácil
suspender toneladas
de ouro,
quando esta leveza
encontra, no desamor,
sublimação?

Algodão e ouro:
verdade e tesouro ...

Nota ao autor.
“Esta dualidade aparenta ser imperfeita e, ao mesmo tempo, perfeita.”

terça-feira, 31 de maio de 2011

O JOGO


Em jogos estranhos,
entre pessoas com cabelo,
e até carecas,
sobem e descem nas praias,
cidades e campos,
vistosas petecas.

Homem, esse grande jogador …

Em trajes de banho,
entre pessoas sem cabelo,
e até não-carecas,
passam por praias,
cidades e campos,
pequenos biquínes e cuecas.

Homem, esse grande demonstrador …

Ouve-se, além,
sons de murmúrios e prantos,
qual disfaces de grandes encantos,
“personados” em rostos “sapecas”,
os quais formam longos e loucos desfiles
de anjos, monstros e bonecas.

Homem, esse grande ser espetaculoso …


sexta-feira, 27 de maio de 2011

POEMA MÍSTICO SOBRE BRUXAS

Por volta do dia bem acima da luz,
do pássaro, vejo o voo;
então esta ave vem me convidar,
para voar com a bruxa,
em sua vassoura voadora, no céu, esta noite.

Nota do autor.
"Por favor, não se assustem por causa deste poema sobre bruxas. Talvez elas sejam pássaros noturnos."

segunda-feira, 23 de maio de 2011

SOPRO DE VENTO NO TEMPO DA VIDA


Vento não soube soprar,
tempo não viu seu passar,
vida não pôde esperar,
o’amor não quer esquecer;

amor faz mundo crescer,
vida não pode morrer,
tempo parece entender,
vento vem, chuva, espalhar;

amor supera o tempo,
vida se espraia no vento,
tempo é jogo da vida,
vento é sopro do amor.

Nota do autor.
“Questões que se encaixam em tempo de amar.”

quinta-feira, 19 de maio de 2011

SÚPLICA DE AMOR



Sol, vem me brilhar,
céu, vem me tornar azul,
mundo, faz-me'amar!

Nota do autor.
"Amor universal."

segunda-feira, 16 de maio de 2011

I LIKE TO DANCE SAMBA


Samba is easy to dance,
yes, samba is very good,
samba, I always understood;

samba makes me sleep,
samba makes me wake up,
but never makes me shut up;

samba shines in my eyes,
samba enchants my face,
samba open my space;

I talk all the times,
you can really call “bamba”,
everyone to dances samba.

Author’s note.
“Samba lives in my soul.”


sexta-feira, 13 de maio de 2011

FILME EM PRETO E BRANCO


O dia é branco,
negra é a noite;

apesar das cores
da natureza, que temos;
e das luzes
que pouco-a-pouco perdemos,

como num filme
em preto e branco,
vivemos ...

Nota do autor.
“Somos  os atores.”

FLOR


Flor, aonde vais?
Flor, queres voltar atrás?
Flor, de quem serás?

Nota do autor.
“Também quero essa flor.”

sexta-feira, 6 de maio de 2011

PINTASSILGOS FALANTES

Desespera agora a vida,
tão contida em velhos prantos,
por se ver enfim perdida,
sem lugar nos quatro cantos.

Pintassilgos outrora cantantes,
e agora incansáveis falantes,
propugnam ao som de suas vozes piantes,
ante’atuais e malvados berrantes!

Nota do autor.
“A terra chora”


segunda-feira, 2 de maio de 2011

ANJO LILÁS


Anjo,
sei de’onde vieste com tanto amor:
de’um livre e dourado querer ... piedade;

salvaste-me,
desta vez, de ser tragado
por caudalosos rios de fúria,
de’uma noite altamente febril;

fizeste-me feliz por estar ainda aqui,
a fitar-te como esta flor imagética que és,
de tanto, a mim, por mim, sorrir;

anjo,
dizer-te, quero tanto, que sou o que és,
amor, vida, fervor ...
saber estar e mais saber ficar;

quero-te como a mim mesmo e aos outros,
que dormem em mim nesta noite
de sonhos fitáveis, palpáveis ... de paz.

Venha-me mais e mais,
lindo anjo lilás.

Nota do autor.
“Anjo que surge e me mantém vivo.”


DIA DE SOL

  
Que dia, que sol!
sentir minha pele é
queimar em amor!

Nota do autor.
“Praia que arde vida.”

domingo, 24 de abril de 2011

VOVÓ E VOVÔ



Vovô Ivo’ouviu,
vir Ivana’em viva voz:
- Vem, vovó Eva!

Nota do autor.
“Aliterações acerca de vovó, vovô e Ivana.”

LEVEZA


Antes eu era eclético,
depois passou o tempo,
e’eu quis ser só estético,
muito peso, nem pensar,
tenho que ser dietético.

Eu não sou cético,
nem hipotético,
não sou filósofo
peripatético,
só quero falar
em tom profético,

amanhã serei
um ser poético,
de padrão esquelético ...

Nota do autor.
“Por enquanto, o negócio é ser estético.”


sábado, 16 de abril de 2011

MARCAS PÉS NA CALÇADA


Há marcas de pés.
Por que pessoas pisam
calçadas frescas?

Nota do autor.
“Tais pés serão fósseis de homo sapiens sapiens no futuro?”

Roberto Armorizzi

quarta-feira, 13 de abril de 2011

CONJUGAR (poema pós-moderno)


Bendito sou,
maldito és,
bonito é,
somos nós,
sois vós,
são eles ...

Nota do autor.
“Sim ou não? Não! É sim e não.”

sábado, 9 de abril de 2011

AFLIÇÃO DO SABER


Alguém disse, hoje, no metrô:
- ela sabe quem eu sou!
Com espanto, assim pensei:
... ela não sabe quem não sou,
ela sabe e não sabe,
nem eu ...
Isto porque não sei o que é saber,
na medida em que penso que sei!
Ajuda-me, ó Sócrates!

Nota do autor.
“Melhor nada comentar.”