Não sou mais o poeta
Agora sou o poema
Hoje trocamos de vez
Metapoema
A parte do luxo
Que, lixo, forma
Tem base em suxo
Perante a norma
Monte de galhos
Úmido de orvalhos
E sem esgalhos
Lá fora murcha a flor
Vejo através da janela
Pétala perde a cor
Para brotar minha tela
Voo ao ninho
Na curva do caminho
Eu, passarinho
Dizem que sou solitário
Mas não é assim
Solidão precisa de mim
Nem de longe vejo o fim
Minha nave é bem cruel
O espaço está em mim
Como sonda, rompo o véu
Que separa o não do sim
Cosmo é minha babel
Eu em queda, ele sem fim