De manhã, sem alarde
Vou, feliz, ao labrego
Pois eu quero, à tarde
Só fartar-me ao lamego
Jamais quero em minha vida
Ser quão fundo de um baul
Quero a onda refletida
Em perfil de luz azul
Às vezes, tenho a impressão de que o suposto passado avança para o provável futuro, e este retorna àquele, como partículas subatômicas que surgem e desaparecem, permeando o atemporal teatro cósmico chamado presente.
Escrevo não-poesia
De modo abnorme
É a minha ousadia
Ao susto poesiforme
Obs. "Poesiformas" é o título de um pequeno livro de poemas que publiquei há alguns anos (acho que foi em 2009) pela Corpus Editora, Porto, Portugal.
Luz mirante, vem supina,
Tinge o mar, brilha neblina.
Vem de longe, chuva fina,
E a noite não termina.
Grande onda, não é pura,
Água é como tinta escura.
Por cilada, a voz urge,
À distância, grita e turge:
Pesadelo de aventura!
Vem o barco da loucura!
Beba-se, límpido, o licor
Coma-se, nutridor, o sande
Para que volte o amor
Em cada alma que ora se expande